Monetização é um assunto que tem ganhado cada vez mais importância nesse nosso mundo agora repleto de app stores. Todas as plataformas de smartphones e até SO de computadores pessoais estão começando a aderir a essa idéia de ter uma loja centralizada como principal ou até mesmo única forma de instalar aplicativos e isso traz benefícios para todos os envolvidos.

  • Para o usuário é extremamente conveniente pois facilita muito a busca e instalação de novos aplicativos. Usuários com menos conhecimentos técnicos são ainda mais beneficiados pois app stores removem praticamente toda a complexidade do processo de instalação e atualização dos aplicativos.
  • Para o desenvolvedor a app store significa uma enorme oportunidade de negócios pois aumenta muito sua visibilidade e com isso as chances de seu aplicativo ser encontrado, comprado e recomendado.
  • Para o dono da plataforma há duas grandes vantagens:
  1. Financeira: recebem um percentual sobre as vendas dos aplicativos
  2. Estratégica: a partir do momento que um usuário investe uma certa quantia em aplicativos para aquela plataforma, isso acaba aumentando sua fidelidade à própria plataforma, diminuindo as chances de que ele migre para outra plataforma.

Mas eu tenho notado uma tendência últimamente. Apesar de app stores e seus valores baixos (muitas vezes contados em centavos) tornarem aquela compra impulsiva mais recorrente, mais e mais pessoas começaram a associar internet com "é de graça" e isso significa que estão menos dispostas a pagar, mesmo que pouco, por coisas que acham que podem conseguir "sem custo" na internet. O mais estranho é que isso se aplica à compra de aplicativos, mas não necessariamente à compra/assinatura de serviços ou conteúdo.

Um bom exemplo disso são alguns dos joginhos disponíveis no Facebook e seu modelo de micro-transações onde é necessário gastar dinheiro de verdade para comprar coisas para usar no jogo e avançar mais rápido ou ter algo que outras pessoas não têm. Tenho tias que já chegaram a gastar quantias que eu aposto que jamais teriam gasto se aquele fosse o preço para comprar e jogar.

Mas o que me motivou a escrever este post é que infelizmente o Marketplace do Windows Phone 7 não tem um sistema de micro-transações (também conhecidos com in-app purchases) disponível para os desenvolvedores convencionais. Há alguns jogos na categoria Xbox Live que usam micro-transações integradas à sua conta da live, mas todos são feitos pela própria Microsoft então eles meio que não contam (ex.: Beaks and Beards e Bug Village).

Não há nada que impeça o desenvovedor de desenvolver seu próprio esquema de micro-transações usando parecerias com cartões de crédito ou PayPal, mas a experiência para o usuário não seria a ideal nesses casos pois poucos usuários estão dispostos a disponibilizar seus dados de cobrança para qualquer aplicativo, principalmente depois de já terem feito isso com o próprio Marketplace da plataforma.

Outro problema que tenho notado é que, o modelo de trial do Windows Phone 7 não está surtindo o efeito que era desejado. Muitos usuários acabam nem tentando alguns aplicativos pagos com trial e partem direto para opções grátis (muitas vezes inferiores). Com isso diversos desenvolvedores passaram a publicar 2 versões de seus aplicativos, uma grátis, muitas vezes igual com anuncios e outra paga com trial onde os anuncios são desativados depois que você compra. Há também alguns desenvolvedores que estão publicando conteúdo como se fossem aplicativos. Há revistas, jornais e até quadrinhos que ao invés de ter um único aplicativo onde cada edição é apenas um conteúdo extra pelo qual você paga separadamente ou faz  uma assinatura, são publicados diversos aplicativos, um para cada edição, poluíndo o Marketplace e inflando a loja sem acrescentar novidades reais.

É por isso que eu fiquei muito animado ao saber que a loja do Windows 8 vai suportar micro-transações desde o começo. Este recurso pode ser utilizado para resolver os 2 problemas acima. Com suporte a micro-transações na plataforma, os desenvolvedores podem publicar aplicativos efetivamente grátis, mas com capacidade de ter funcionalidades desbloqueadas, anuncios removidos ou compra/assinatura de conteúdo sem que o usuário precise divulgar seus dados financeiros para o desenvolvedor. Mais uma vez é um cenário onde todos ganham pois o usuário não precisa se preocupar em confiar ou não do desenvolvedor e fornecer novamente seus dados financeiros pois a Microsoft fará a cobrança e o repasse para o desenvolvedor. O desenvolvedor não precisa se preocupar com a segurança e armazenamento de dados sigilosos de seus clientes nem com a integração com os sistemas das empresas de cartão de crédito e a Microsoft ainda garante uma renda extra, ajudando a baixar ainda mais o custo e aumentar a viabilidade da plataforma.

Na conferencia BUILD que ocorreu no final de 2011 houve algumas paletras que abordaram esse assunto tanto do ponto de vista estratégico como técnico, com diversos exemplos de como utilizar as apis e suas diversas possibilidades. Espero que este recurso seja trazido para a plataforma do Windows Phone também. Abaixo tem o link de duas sessions com foco na Store do Windows 8 e monetização de aplicativos:

Introducing the Windows Store

Enabling trials and in-app offers in your Metro style app